Maria-farinha –
Ocypode quadrata
Nome em inglês:
Atlantic Ghost crab
Nome científico:
Ocypode quadrata (Fabricius, 1787)
Origem: Américas,
costa atlântica
Tamanho: carapaça com
largura de 4,0 cm
Temperatura: 18-32° C
Salinidade: salgada,
tolerante a variações
Reprodução:
primitiva, larvas planctônicas marinhas
Comportamento:
agressivo
Dificuldade: médio
O maria-farinha é um
caranguejo, e não um siri. Mas todo siri também é um caranguejo. A explicação é
simples: siri não passa de um nome popular dado aos membros da Portunidae, uma
das várias famílias de caranguejos. Ambos pertencem a um grupo maior de crustáceos,
os decápodes, que, como diz o nome, têm como principal característica o fato de
possuírem dez patas. Oito servem para locomoção, e as duas “pinças” da frente
são usadas para pegar comida, cavar e se defender dos inimigos.
Os dois
(maria-farinha e siri) são parecidos quanto ao aspecto físico, embora existam
diferenças externas básicas entre eles. Como a do tamanho, por exemplo, pois o
ca-ranguejo é maior que o siri. Sobre o formato do corpo, o primeiro o tem mais
alto e arredondado, enquanto o do segundo é achatado. A mais importante dessas
distinções é a de que, nos siris, as patas traseiras do último par terminam de
forma achatada, como se fossem nadadeiras, o que lhes dá maior facilidade de
locomoção na água. As dos caranguejos são pontudas, e é por isso que eles vivem
entre rochas e areia. Mas além dessas existem outras diferenças físicas entre
siris e caranguejos:
– Os siris possuem um
prolongamento longitudinal na carapaça achatada, o que possibilita uma melhor
hidrodinâmica.
– Em geral, os siris
possuem espinhos na lateral do corpo, enquanto que os caranguejos são mais
arredondados.
– O par de patas
dianteiras do siri tem o mesmo tamanho, ao passo que os caranguejos, em geral,
possuem, uma maior do que a outra.
O Maria-farinha
(Ocypode spp.) é, pois, um caranguejo que possui carapaça quadrada e coloração
branco-amarelada, de onde sobressaem olhos bem desenvolvidos, através dos quais
ele geralmente localiza sua toca. Encontrado na costa leste dos Estados Unidos
e no litoral do Brasil, ele vive em praias arenosas, escondendo-se em buracos
cavados acima da linha da maré alta, que é para ficar longe do alcance da água,
no limite extremo da praia onde a vegetação se instala. É aí que constrói sua
toca, cavando-a com as aquelas (tenazes, ou garras, ou pinças, dos apêndices de
diversos crustáceos e aracnídeos). Que usa como escavadeiras, e transportando
para longe a areia retirada. Essas tocas podem alcançar um metro ou mais de
profundidade, e têm a forma de um jota.
A reprodução dessa
espécie acontece provavelmente entre a primavera e o início do verão,
coincidentemente quando ocorrem os dois picos de maturação nas fêmeas. Tanto
que a cópula foi registrada nos meses de maio, agosto e setembro. Há relação
entre o período reprodutivo e a temperatura.
De hábitos noturnos
(período em que sai para se alimentar), o maria-farinha é um animal
detritívoro, nome dado em biologia aos animais que se alimentam de restos
orgânicos (plantas ou animais mortos). Os exemplos mais comuns incluem os
urubus, os abutres, as hienas e várias espécies de escaravelhos e moscas. Ele é
conhecido por diversos nomes (conforme a região), entre eles os de ariscos,
aguarauçá, cabeleireiro, siri-fantasma, espia-maré, grauçá, guaruçá, guriçá,
cerca-maré, vaza-maré, maruim, sarará, caranguejo-fantasma,
caranguejo-da-areia, siri-branco ou caranguejo-branco-da-areia.
Na praia cearense de
Aranaú, próxima a Jericoacara, esse nome também é dado a um siri de cor
vermelha que sobe nos galhos dos manguezais para fugir da enchente da maré ou
para procurar alimento.
Por ter a mesma
coloração da areia, o maria-farinha não é percebido com facilidade por quem não
o esteja procurando. O mimetismo, que é a capacidade de camuflagem que algumas
espécies de animais possuem, lhe confere essa proteção, ajudando-o a se livrar
dos predadores. Sua presença em determinadas praias serve como indicativo de que
o local é limpo e despoluído.
Esse pequeno
crustáceo empresta seu nome a um grande paraíso náutico do nordeste. A praia de
Maria Farinha, no município de Paulista, litoral norte de Pernambuco, a cerca
de 16 quilômetros da capital Recife, possui vários condomínios de luxo ao longo
do canal de Santa Cruz, que divide a praia em dois lados.
Na realidade é um animal
litorâneo, de praias marinhas, a rigor, nem deveria estar neste álbum de
caranguejos estuarinos. Optamos por incluir esta espécie porque perguntas sobre
a manutenção destes animais em cativeiro são bem comuns.
Apesar de comestíveis, não representam uma fonte de alimentação humana
significativa. Em algumas regiões, são usados como remédios populares. Como
curiosidade, existe um bairro/praia chamada “Maria Farinha” no litoral de
Pernambuco.
Etimologia: Ocypode
vem do grego termo ōkypod-, ōkypous: ōkys "ágil" + pod-, pous
"pés". E quadrata é uma alusão ao formato quadrado da sua carapaça.
Distribuição
geográfica de Ocypode quadrata. Imagem original Google Maps; dados de Melo GAS
1996 e demais referências.
Origem e habitat
É um caranguejo semi-terrestre
que habita praias arenosas, em litorais marinhos, escavando tocas no terreno
seco, bem acima do limite da maré.
Tem ampla
distribuição geográfica ao longo da costa atlântica americana, nas três
Américas. É encontrado desde Nova Jérsei (EUA) até o estado do Rio Grande do
Sul, sul do Brasil, incluindo a ilha brasileira de Fernando de Noronha.
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