Fósseis encontrados em um sítio arqueológico espanhol,
incluindo 17 crânios quase completos de hominídeos do Pleistoceno Médio, lançam
luz sobre um dos períodos mais controversos da evolução humana. A coleção de
ossos encontrada na região do "Abismo dos Ossos" revela
características típicas dos Neandertais, associadas com as de hominídeos mais
primitivos. A descoberta reforça a hipótese de que os caracteres definidores do
homem de Neandertal se desenvolveram aos poucos e em períodos diversos, e não
de uma vez.
No
Pleistoceno Médio, entre 400 e 500 mil anos atrás, espécies humanas arcaicas se
separaram dos grupos que viviam na África e no Leste Asiático e se instalaram
na Eurásia. Isolado dos demais, esse grupo desenvolveu as características que
definem a linhagem Neandertal. Quando o homo sapiens chegou à
Eurásia, alguns milhares de anos depois acabaram suplantando os Neandertais.
Havia incompatibilidade reprodutiva entre as duas espécies.
O
grau de diferenciação entre os Neandertais e os humanos que os precederam, em
tão pouco tempo, sempre surpreendeu os cientistas. Faltava uma boa amostra da
população europeia que viveu há cerca de 400 mil anos, os primeiros hominídeos
da linhagem Neandertal; os 17 crânios recém-descobertos preenchem essa lacuna e
fortalecem a hipótese da acreção que diz que os Neandertais desenvolveram suas
características em épocas diferentes, não em um único processo evolutivo.
"O
sítio do Abismo dos Ossos é único porque lá há um acúmulo sem precedente de
fósseis desse período. Nada assim já havia sido descoberto, para nenhuma
espécie extinta de hominídeos", afirma Juan-Luis Arsuafa, professor de
Paleontologia da Universidade Complutense de Madri. O sítio é escavado e
estudado desde 1984. "Em 30 anos, descobrimos cerca de 7.000 fósseis
humanos, que compõem pelo menos 28 indivíduos", explica Ignacio Martínez,
paleontólogo da Universidade de Alcalá.
Fonte: Do UOL, em São Paulo
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